Desvendando mitos sobre a construção em madeira
A crescente prioridade pela sustentabilidade em diversas indústrias ao redor do mundo tem destacado positivamente a madeira laminada colada (MLC) como método construtivo, beneficiada pelo avanço dos estudos e das tecnologias aplicadas no projeto e na execução das estruturas que utilizam o material.
É isso que uma reportagem do Valor Econômico sobre o uso da madeira em projetos de grande escala no Brasil e no mundo aponta. Apesar disso, alguns mitos sobre a construção em madeira ainda permeiam o meio da arquitetura e da engenharia, fazendo com que, muitas vezes, ela não seja considerada opção viável para a edificação.
Desvendamos, a seguir, alguns dos principais mitos relacionados ao uso da madeira em projetos de grande escala.
Madeira engenheirada como aliada da construção civil na otimização de tempo e de investimento
Para viabilizar um projeto de arquitetura e engenharia, os planejamentos orçamentário e de tempo de execução são cruciais. Nesse momento, a falta de conhecimento sobre o material pode fazer com que a madeira laminada colada (MLC) seja desconsiderada entre as opções construtivas.
Embora pareçam, inicialmente, mais caras que aço e concreto, as construções de madeira engenheirada otimizam o processo de obra, já que permitem o planejamento preciso em fase de projeto, que é fundamental para permitir a pré-fabricação e montagem eficientes, otimizando o tempo de trabalho. Além disso, as estruturas são leves, reduzindo as cargas nas fundações.
Dessa maneira, para aferir os ganhos da construção em madeira, e compará-los às estruturas convencionais em concreto e aço, é necessário avaliar o custo global da obra, e não apenas o comparativo direto entre os custos das estruturas.
Madeira e meio ambiente: o material construtivo do futuro
Atualmente, os conhecimentos sobre construção em madeira vêm ganhando força ao redor do mundo, a tornando uma premissa projetual essencial para a arquitetura de diversos países. Infelizmente, no Brasil, isso ainda é pouco difundido, levando muitos a questionarem se a construção em madeira é, de fato, aliada do meio ambiente.
“Uma laje de 1 mil metros quadrados de madeira retém cerca de cem toneladas de carbono. E, diferentemente do concreto e do aço, é um recurso renovável e de cadeia de baixo consumo energético” - Luciano Aguiar, Diretor Comercial da ITA.
Além de a madeira ser um material de construção renovável, por ser manejada ou replantada, ela requer menos energia e tem menos impacto do que outros materiais em termos de produção, transporte e montagem.
Prevenção de incêndios e segurança
Uma das maiores dúvidas sobre a construção em MLC é com relação à regulamentação das estruturas para casos de incêndio.
Existe uma base técnica sólida no meio da construção civil que garante que todas as estruturas, independentemente do material, devem cumprir com os mesmos requisitos de resistência a incêndio, conforme exigência do corpo de bombeiros.
A madeira, em um incêndio, se comporta de forma parecida com o carvão em uma churrasqueira. Assim como o carvão queima devagar e forma uma camada externa carbonizada, enquanto o interior continua quente e sólido, a madeira cria uma casca carbonizada por fora durante o fogo, mas a parte interna permanece resistente.
Dessa maneira, a camada externa queimada age como uma proteção natural, ajudando a madeira a manter sua estrutura por um tempo pré-definido em seu projeto de engenharia, o que permite prever quanto ela pode sustentar para que a evacuação do edifício ocorra em segurança.
Hoje, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo permite uma aprovação simples para edificações de madeira de até aproximadamente 7 andares. Em outros lugares do mundo, como na Suíça, por exemplo, não há limitação por parte do Corpo de Bombeiros com relação à altura das edificações em madeira, desde que elas cumpram todos os requisitos aplicáveis a outras estruturas.
Capacidade construtiva e tecnológica
O avanço dos estudos e das tecnologias aplicadas à fabricação e ao desenvolvimento de estruturas em madeira engenheirada as tornam, hoje, fortemente competitivas com o concreto e aço para muitas edificações de maior escala e complexidade.
Assim, arquitetos e engenheiros estão cada vez mais inclinados a incorporar esse material em seus projetos, para além do uso residencial unifamiliar, desenvolvendo empreendimentos comerciais e corporativos, hotéis e incorporações imobiliárias de diversos estilos e tamanhos.
A partir do trabalho colaborativo entre arquitetura e engenharia, acreditamos ser possível desenvolver estruturas elegantes, seguras, e viáveis, tanto do ponto de vista técnico como financeiro, que respondam às necessidades da sociedade e do meio ambiente.